Estive envolvido no arranque de muitas ideias e empresas inovadoras, não por estarem na moda, mas por terem despertado a minha curiosidade intelectual. Uma dessas ideias veio do mundo da música.
Os especialistas da indústria discográfica não admitiam, na altura, que a música na internet seria um dia algo perfeitamente comum ou que as redes sociais seriam usadas por adultos e não só por estudantes.
Porém, ao contrário destes optei sempre por ignorar o senso comum e aderi a algumas ideias que me interessavam.
A invenção do futuro começa pela curiosidade intelectual e por uma boa dose de cepticismo. Precisamos de curiosidade suficiente para “mergulhar a fundo” nas ideias que nos interessam.
E temos de ser suficientemente cépticos para questionarmos tudo o que achamos saber e tudo aquilo que os chamados especialistas nos querem fazer acreditar. Estamos a viver um momento único na história e qualquer pessoa que saiba usar o Google pode aceder a todo o tipo de informação, mais do que qualquer universidade pode algum dia ensinar.
Há cerca de uma década comecei a interessar-me pela área emergente da imunoterapia. Os dados eram bastante convincentes, por mais que fosse uma área desprezada então por oncologistas famosos. Mas com pouco mais do que a Internet à minha disposição, consegui aprender o suficiente sobre esta área para perceber que era um campo delicado.
Envolvi-me no financiamento de ensaios clínicos de fármacos para tratamento de leucemias e melanomas. No espaço de poucos anos a área da imunoterapia passou a contar com várias empresas avaliadas em milhares de milhões de dólares, fármacos aprovado pela FDA [agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA] e inovações que ajudaram os pacientes precisamente onde os tratamentos convencionais tinham falhado.
Lancei um instituto sem fins lucrativos dedicado a esta área, juntando uma equipa de sonho de cientistas em torno de uma aposta de 250 milhões de dólares de que a geração seguinte de tratamentos de imunoterapia trataria um número ainda maior de pacientes.
A reengenharia de “células T” para combater o cancro pode ser muito diferente de escrever software para disponibilizar música gratuitamente, mas os instintos que me levam a lançar-me em cada um desses projectos continuam a ser os mesmos.